quarta-feira, 21 de março de 2012

Rizza apresenta “Peso fugaz”


     Mais informações sobre a exposição "Peso fugaz", que abre nesta quinta, 22/3, no Espaço Experimental Nina Mello. Para o público interessado em fotografia, é uma pena que coincidirá exatamente com outro evento no Espaço Cultural Correios (vejam matéria abaixo).

     Porém, no momento focalizamos a exposição de Rizza, apresentando texto da Assessoria de Imprensa do Espaço Nina Mello.


A arte numa balança poética

     Em dois movimentos distintos a fotografia captura sentimentos antagônicos: girando-se para o alto registra o céu de diversas cidades – lembranças de momentos de intensa euforia –, e volvendo-se para baixo registra a agonia em cenas montadas no interior de uma piscina. Subvertendo as posições naturais, em “Peso fugaz”, que o Espaço Experimental Nina Mello inaugura no próximo dia 22, às 20h, as nuvens apresentam-se no chão e a água flutua no espaço, na tentativa de se alcançar o equilíbrio. Sob curadoria da antropóloga e pesquisadora Ana Emília Costa e Silva, que assina Um Ml, a exposição é a primeira individual da artista Rizza, que além de apresentar seus trabalhos, propõe ao espectador uma experiência artística.
     Presas em um espesso fio metálico, as fotografias são impressas em tecido e dispostas de forma a sugerir um percurso de leitura, na qual o espectador é levado a caminhar sobre o céu. “A exposição foi pensada como um ambiente não convencional. O espectador não sai ileso e o trabalho também não”, reflete a curadora, mestranda em Crítica e História da Arte pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). “Eu quero que as pessoas se posicionem. Por isso, o espaço serve ao trabalho, complementando o discurso”, defende Rizza.

A medida das tensões
     Numa poética própria da artista, as obras de “Peso fugaz” versam sobre a vida e as relações humanas por meio de metáforas. Realizadas com uma câmera analógica, as fotografias são resultado de uma sessão em que a artista reuniu três amigas, alguns vestidos e acessórios femininos no interior de uma piscina. Abstratos e particularmente plásticos, os trabalhos servem-se da distorção das águas para indicar pistas do discurso. “A mulher é um elemento que a gente consegue identificar a partir das formas, dos gestos, de uma sugestão de dança, de uma feminilidade”, aponta Ana Emília. “Porém, a questão do gênero é, sobretudo, um condicionante. Daí, a exposição assinala a pulsão entre o instinto e a razão, o equilíbrio entre o que te condiciona e o seu próprio desejo”, analisa, referindo-se a temática do feminino como impulso da artista e não como princípio norteador da obra.
     Segundo Rizza, a escolha da água como elemento cenográfico se deu pela ausência de domínio que ela impõe, e pelos muitos desenhos que a luz faz ao percorrê-la. “Quando coloquei as mulheres dentro d’água tinha a intenção de falar sobre o universo feminino nesse sentido angustiante. Nós temos muitos hormônios, vivemos em ciclos. A gente não consegue viver uma normalidade durante todo o mês”, destaca. “Não pensei na agonia, mas na comunicação”, conclui, apontando a série de fotografias como exploração de uma voz própria.
 
O jogo de densidades
     Diferentes texturas e cores corroboram o desejo de provocar sensações a partir de aventuras estéticas. A densidade da água se contrapõe à leveza das roupas e, na mesma medida, ao peso dos corpos mergulhados. Transpondo esses registros ao espaço expositivo, a mostra reúne diferentes texturas e sugere muitas outras, como a própria sensação de andar nas nuvens. “A textura, os materiais, os formatos, os suportes, é toda uma poética. A fotografia não é só imagem”, enfatiza a artista, que ao longo de sua curta trajetória, explorou diferentes materiais para impressão de suas obras.
     Na articulação entre o campo imagético e as possibilidades de interação com o leitor, o trabalho artístico de Rizza valoriza a fotografia enquanto processo criativo, capaz de revelar procedimentos anteriores ao clique e o clima que regia o momento do registro. “Mais do que o suporte, o mais interessante da relação com a fotografia é o processo. A partir do momento que se teve uma série de fotografias, foi surgindo a poética”, diagnostica a curadora. “A pintura é uma memória incerta, a fotografia não. É uma relação física”, aposta Ana Emília.
     Figura presente na história da galeria, Rizza mostra em “Peso fugaz” sua intimidade com o espaço que recebe suas fotos, reorganizando o ambiente e revelando a si mesma por meio de pistas subjetivas. “Essa exposição confirma o nosso trabalho em articular e divulgar a arte fotográfica em Juiz de Fora. A Rizza é uma artista prolífica, contemporânea e sensível. É uma grande alegria ver o Espaço reorganizado por uma artista nossa”, afirma Nina Mello, fotógrafa e coordenadora do Espaço Experimental.
     No dia seguinte à abertura, 23 de março, às 20h, artista e curadora se encontram com o púbico para um bate-papo sobre a produção da exposição e sobre a trajetória artística de Rizza. A mostra, que induz a uma estreita relação entre espectador e objeto de arte, também impulsiona a aproximação entre artista e espectador. Segundo a curadora, dando as dicas do que irá abordar durante o encontro, a montagem da mostra sugere a leveza da escrita da arte, mesmo que diante de pesadas questões e sentimentos. “Tratamos esse trabalho como um peso que deve ser transitório. Afinal, ponderar isso é a grande questão da vivência”, finaliza.


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No Espaço Experimental Nina Mello
Abertura 22 de março às 20 h
Bate-papo com a artista: 23 de março às 20 h
De 23 de março a 12 de maio. De segunda a sexta-feira, de 14 h às 18 h.
Agendamento pelo telefone 8864-4698
Centro Comercial São Pedro
Rua José Lourenço Kelmer 1330, sala 103 A - Cidade Universitária
36036-330
(32) 8864-4698
www.espacoexperimental.com.br

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