domingo, 21 de agosto de 2011

FOTO11: Paisagem submersa

João Castilho

      Apresentamos agora uma das mais marcantes exposições do FOTO11, "Paisagem Submersa". Não apenas pela real qualidade da imagens - que, de resto, permeia toda as mostras do evento -, mas também pelo que se foi sabendo depois sobre o projeto. Isto ocorre sempre com qualquer obra: primeiro uma percepção sensorial e instintiva, depois, com informação, uma compreensão mais racional e mesmo emocional. Mas deixemos detalhes para uma outra matéria sobre a mostra. Assim, os leitores aqui poderão ficar com sua primeira impressão, repetindo o processo de aproximação.

Pedro Motta
     “Paisagem submersa” é o resultado de um longo trabalho de seis anos dos fotógrafos Pedro David, de Santos Dumont, João Castilho e Pedro Motta, de Belo Horizonte, com a população do Vale do Jequitinhonha, durante a construção de uma represa de hidrelétrica.


     O trabalho consistiu em visitar as comunidades afetadas, conhecer sua realidade pelo convívio e documentar o processo de dúvida, aceitação, demolição das casas, até a transferência dos moradores para outro lugar. Rendeu também um livro com mesmo título.

     Um processo longo, que exigiu mais de 40 viagens e que resultou em imagens com a força do drama registrado.

     Nina Mello, a curadora da exposição, que conhecia o projeto e, durante as discussões iniciais do FOTO11, sugeriu sua inclusão, tem visto nesse trabalho uma possível direção para o futuro do fotojornalismo. E, a seguir, nos apresenta o trabalho, em trechos do catálogo do FOTO11.




 Pedro Motta
Na preservação de sentimentos extremamente frágeis, as imagens constroem tramas que conjugam perdas, mudanças, recomeço, lágrimas e susto, frutos da desconstrução de comunidades do Vale do Jequitinhonha, no norte do estado, inundadas para a formação do lago da Usina Hidrelétrica de Irapé. O norte de Minas é percebido em sua essência por esses olhares, que tão bem souberam render-se a uma linguagem emocional.

   
     Temos, então, uma rara oportunidade de contemplar nosso imaginário coletivo, através de cenas que resgatam um estado marcado pelo seu chão de terra batida e pelos seus trabalhadores de mãos calejadas. Soma-se, agora, Juiz de Fora, na vasta trajetória dessa mostra, que já percorreu grandes capitais brasileiras e cidades no exterior. Sendo assim, a cidade tem o prazer de conhecer um pouco das novas sementes: a fotografia contemporânea e a contemporaneidade desses fotógrafos.


Pedro David










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  • Fotógrafos: João Castilho, Pedro David e Pedro Motta 
  • Curadoria: Nina Mello
No Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM)
De 11 de agosto a 11 de setembro
Terça a sexta-feira, de 9h às 21h. Sábados e domingos, de 10h às 16h
Av. Getúlio Vargas, 200 (Centro)
3690-7051 / 3690-7052


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